Zeu era um esculachador “profissa”. O traficante capturou um jornalista da Globo e, covardemente, pôs fogo em seu corpo, após torturá-lo.
Um belo dia Zeu é preso.
Aí é a vez dele ser esculachado: um policial, exibe o rosto do procurado pela Justiça, para que a Rede Globo possa esculachar um pouco.
Morrer "um" já é normal, morte de "um" não vende mais jornal, a não ser que seja brutal.
Queremos também que polícia mate (os filhos dos outros, obviamente); e resolva nossos problemas.
Mais rápido, mais simples e até mais justo, não? Pra você vagabundo tem que morrer. E a classe média deste país não tem tempo para se preocupar com os problemas que atingem a todos: tem a novela das 6, das 7 e a das 8 para assistir. Tem que trabalhar pra ser alguém, tem que estudar pra ser alguém. Fazer a nossa parte por mais dignidade, um sacrifício né? (Tem gente que não consegue nem defender a dignidade)
É mais fácil dizer que fruto da desigualdade tem que morrer.
Aí depois vem querer meter o malho em judeu porque lá eles matam palestinos "inocentes".
Ué, eles matam por se sentirem ameaçados por insurgentes marginalizados por um sistema poderoso, se você considera isso um erro... ...essa estória se repete em algum lugar não me lembro onde.
Mas falando sobre o Zeu, talvez ele seja uma espécie de atração no circo chamado Brasil: onde o mais forte tenha que esculachar o mais fraco para ter a atenção do público.
Zeu também esculachou (e matou) o repórter Tim Lopes. Os agentes da lei (e os da Globo também) esculacharam Zeu. Mas e quando a polícia prende alguém rico (um Daniel Dantas, por exemplo), aí todos somos esculachados por ver que a justiça não tem "pregas" para deter a todos, só o mais fraco. (de novo)
À propósito, você consegue imaginar um policial obrigando o Daniel Dantas a mostrar o rosto? Mas nem a pau.
Isso porque Dantas foi tão nocivo para a sociedade quanto Zeu. (Já imaginou quantos foram "encomendados" na surdina por ele)
A diferença é que o seu traficante põe a mão na massa (com todo o respeito) já o seu político não suja a manga da blusa italiana.
É a “normalidade”, em que cada um abusa do poder que tem, e quando tem chance: o traficante, a mídia, a polícia, o político. E a sociedade vai ao delírio.
Os abusos de poder, desde que cometidos contra mais fracos, são simplesmente uma paixão nacional.