sábado, 27 de novembro de 2010

Qual Cultura?

"Todo homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe."
Rosseau

Como é que se pode perguntar onde foram parar os intelectuais nos últimos vinte anos, se de lá para cá destruiu-se a base material, logo a humana e ideológica, que produzia cultura?
Se não há projeto de educação? Se não há projeto de vida?
Logo não há trabalho digno nem emprego formal nem futuro nem esperança?
pra que UPP se não houver escola?
Pra que escola se não há professor?
pra que professor se não há valorização, apenas precarização?
Mas pra que a valorização do professor se você continuar a pular o muro do colégio?
Como vêem as realizações abundam e segue fazendo sentido aquela frase de encanador:

"O buraco é mais embaixo"

A sociedade, desde quando surgiu, elege seus heróis e seus vilões muitas vezes sem que perceba, vejamos, em Roma, no antigo Império, o povo já escolhia seu ópio quando se dirigia às arenas lotadas para ver violência, morte e sangue enquanto seu bairro era entregue aos ratos e pagavam pesados denariis a Cesar, em Constantinopla a história se repetia, ao projetar a cidade, Constantino fez questão de colocar seu palácio bem próximo da catedral de Santa Sofia e do hipódromo para, assim aumentar sua popularidade entre o povão.
Ter cultura, mesmo que ela seja questionável, não é um problema, mas se complica quando o povo deixa de ter responsabilidade e passa a seguir um Carpe Diem fajuto que se chama vadiagem abrindo mão até dos seus direitos comuns e corrompendo-se com costumes para "relaxar e gozar" enquanto isso aquele político safado continua se elegendo pelo mesmo povão que depois acha que pode reclamar de sua má gestão.
Como diz a Bíblia, acabam "elegendo para si pastores conforme seus pecados", enquanto a população for acéfala (Michele feelings again) seus representantes também serão, enquanto o Brasil for passivo de corrupção seus políticos também serão e você que se sente um peixe fora d'água neste país de tolos, digo todos, só resta duas opções:
1- Torne-se um ativista lutando por um povo que além de não reconhecer você irá te achar um chato por lutar por igualdade e justiça, coisas "quadradas" para o tipo de pessoa que se contenta com uns copos de pinga no fim de semana.
2- Seja egoísta, estude, trabalhe e vá embora do Brasil, viva sua vida e colha os frutos de seu esforço honesto. (particularmente prefiro esta)
Hoje as coisas se modernizaram, não são mais os cezares são os Piccianis, os Cavalcantes, os Rorizeiros, os Sarneys ou os Cabrais(não os Pedros). Hoje as arenas se modernizaram, são palcos, gramados e palanques,até os gladiadores não usam mais gládios, usam os pés, as mãos, a boca e até a bunda. Mas o povo continua o mesmo, passivo da mesma ignorância com métodos diferentes e aparentando saber mais que os romanos só que não passa do aparentando.
Não sou contra a difusão cultural, embora questione a funcionalidade de muitas, sou contra a irresponsabilidade de pessoas que não plantam e querem apenas colher, isso não é filosofia de vida, isso não é o Carpe Diem, isso é vagabundagem da sociedade do espetáculo onde poucos vistos influenciam os muitos que os vêem rotulando a normalidade e impondo padrões para se viver, sobre como se vestir, como se comportar ou até como pensar.
Voltando ao tema do começo quero fazer uma pergunta reflexiva, como você seria visto pelos autores da proeza de pular o muro de sua escola se você avisasse a eles como isso pode ser prejudicial para seus futuros já que essa atitude pode ter resultados prejudiciais à longo prazo? 
Que chato né?
Você acabou de ser "quadrado" por pensar de modo coletivo.
O Brasil precisa de heróis mas não está pronto para recebe-los muito menos para aceita-los.
Agora pense comigo, você pode achar que as aulas no ensino público não são dinâmicas o suficiente para atrair a atenção do aluno e que seja por causa da estabilidade do concursado que não precisa se esforçar para manter o emprego, mas, você também não se esforçaria se recebesse um salário equivalente ao deles para ensinar e educar semi-cidadãos que não estão nem aí para o futuro, para a educação e muito menos para o que você está falando.
Admitindo a parcela de culpa da população damos um passo para entender o porque da política brasileira ser de baixo nível e ainda assim mais cara do que a europeia.

A Sociedade do Espetáculo estará sempre morrendo por causa de seus espetáculos.