A diplomacia dos EUA afirmou em telegrama confidencial que Dilma Rousseff, na época recém-nomeada para a Casa Civil, "organizou três assaltos a bancos" e "planejou o legendário assalto popularmente conhecido como 'roubo ao cofre do Adhemar' " na ditadura.
O telegrama faz parte de um lote de nove documentos obtidos pela WikiLeaks. Não há nenhuma menção à fonte da informação a respeito da atuação atribuída à presidente eleita. Dilma nega ter participado de ações armadas quando militou em organizações de esquerda, nos anos 60.
O processo sobre ela na Justiça Militar descreve de forma diferente sua atuação: "Chefiou greves, assessorou assaltos a bancos". Não é acusada de "organizar" ou "planejar" assaltos. Ela foi condenada por subversão.
O embaixador dos EUA, Thomas Shannon, disse que o governo dos EUA não tem informações que confirmem essas alegações. Ao contrário, eles possuem uma longa e positiva relação com a presidente eleita.
No conjunto de papéis que vazaram agora, há especulações sobre a personalidade da petista, sobre as chances que tinha de ser eleita e sobre sua saúde. Não há, entretanto, evidências concretas sobre a participação de Dilma em ações armadas.
A Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, elogiou os relatos:
"Gostei muito dos telegramas da embaixada que contêm perfis alentados sobre a presidente e suas estratégias. Nós damos especial valor a informações sobre como são os estilos de operação de líderes, seus comportamentos, motivações, pontos fortes e fracos, relacionamento com seus superiores, sensibilidades, visões de mundo, hobbies e proficiência em línguas estrangeiras."
Os detalhes sobre Dilma já aparecem desde 2005. "Ela gosta de cinema e de música clássica. Perdeu peso recentemente depois de ter adotado a mesma dieta do presidente Lula."
Há elogios a Dilma, vista como "competente" por empresas dos EUA, que "a louvam por sua paciência para ouvir e responder". E um alerta: "Ela tem uma fama de ser teimosa, uma negociadora dura e detalhista".
O câncer linfático descoberto por Dilma em 2009 foi acompanhado de perto pelos EUA.
"Numa reunião em 18 de junho, com um visitante de Washington, Rousseff aparentava estar bem, com cor natural e maquiagem leve."
O senador Tião Viana disse aos americanos que "as alternativas mais prováveis", caso Dilma não pudesse se candidatar, eram Antonio Palocci e Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, nunca visto como opção.