
O PICO DA MORTE
Avalanches, nevascas, paredões gigantescos, instabilidade climática: é o cardápio que espera os desbravadores do K2
Cara de mau
O visual do rochedo já dá dicas do que está por vir. Encostas de gelo e rochas expostas, como as do K2, indicam trechos de alta inclinação, em que nem a neve consegue parar. Não raro, os alpinistas têm que encarar blocos muito íngremes - como a Pirâmide Negra, um paredão de quase mil metros -, ou até com inclinações negativas!
Abismos fatais
Pra quem viu o filme Limite Vertical, é fácil imaginar o drama de cair nas gretas, profundas e traiçoeiras rachaduras no gelo. Muitas dessas fendas são cobertas por neve, tornando-se legítimas arapucas. Para evitar surpresas, em alguns trechos, os alpinistas andam presos uns nos outros por cordas
Na casa do chapéu
Para chegar à base da montanha, é preciso percorrer, por sete dias, quase cem quilômetros de trilha acidentada - detalhe: a pé. E, se o Everest é habitado até os 5 mil metros de altitude, no K2 as últimas vilas estão a 3 mil metros. Ou seja, na descida o caminho de volta à civilização é bem mais longo.
Deserto de neve
Diferentemente do Everest, que tem bosques e até algumas cachoeiras no percurso, o K2 é uma montanha muito árida. Não há nem água potável. É um ambiente desolador, o que torna a subida psicologicamente ainda mais difícil.
Pra baixo nem todo santo ajuda...
Mesmo se o sujeito chega vivo ao cume, nada de comemorar, pois agora é que "começa" o perigo: a maioria dos acidentes ocorre na descida. Esgotado, o alpinista não tem os mesmos reflexos, a concentração está debilitada e a tomada de decisões torna-se um suplício.
Tempo ruim
O K2 está sujeito a seis frentes de ar diferentes, por isso o (mau) tempo muda a toda hora. Além da baixa temperatura - a sensação térmica pode chegar aos 50 ºC negativos -, o inferno meteorológico conta com nevascas, neblina e ventanias de até 100 km/h! Em 1995, seis pessoas morreram depois de serem lançadas no abismo por um vendaval
Olha o pesado!
De cada quatro mortes ocorridas no K2, uma é provocada por avalanches: além de muito comuns - devido à alta inclinação da montanha -, são imprevisíveis. Não bastassem as avalanches, imensos blocos suspensos de gelo (os seracs) também podem se soltar da montanha e cair sobre os alpinistas
Zona letal
Nos 7 500 metros, cruza-se uma linha imaginária chamada "limite vertical". A partir daí, sabemos que o corpo começa a morrer. Para aproveitar melhor o oxigênio, o organismo produz mais glóbulos vermelhos, e o sangue fica mais denso. Como os vasos da ponta dos dedos são mais finos, o sangue custa a chegar a essas partes, que podem gangrenar.
Mal da montanha
Nas regiões mais altas, o ar é bastante rarefeito. É aí que começa a rolar o "mal da montanha", que pode provocar desde enjoos e dores de cabeça até edemas - inchaços no cérebro e no pulmão que levam à morte. E nem adianta gritar por socorro: o ar rarefeito dificulta muito a propagação do som.