O governo FHC criou os programas precursores do Bolsa Família, o Bolsa Escola, o Vale Gás e o Cartão Alimentação, inspirados nas idéias do sociólogo e defensor dos Direitos Humanos Hebert de Souza, o Betinho.
Agora, faça o teste: pergunte a um eleitor demotucano se ele aceita ou a um parlamentar da Oposição se ele concorda com o Bolsa Família. Para se ter uma idéia os tucanos qualificam o Bolsa Família de “Bolsa Vagabundagem”.
Se os demotucanos não aceitam nem o BF, é pedir demais que concordem com a política de aumento do Bolsa Família, que junto com a política de aumento real do salário mínimo constituem algumas das diferenças de política econômica e social de Lula.
O fato é que FHC criou os precursores do Bolsa-Família contra aquilo seu eleitorado e partido acreditam. É a mesma lógica que obrigou Lula a salvar Sarney ou a apoiar Collor: o pragmatismo.
Fizeram-no porque tinham de fazer. E não porque tais atos representam projetos endossados por seus respectivos partidos e eleitorados.
No caso de FHC, o pragmatismo surge porque o Mercado puro, este ideal liberalóide, gera uma sociedade doente, mergulhada em desigualdades, situação do Brasil durante governo tucano. No caso de Lula, o pragmatismo decorre da necessidade de jogar o xadrez da política, aquele que pune os que desprezam suas regras de sobrevivência.
Por conta disso, os demotucanos ficam perdidos em relação ao BF: querem se dizer os pais da coisa, mas ao mesmo tempo criticam sua existência. E pior: criticam a população pobre que recebe o benefício.
É por isso que a recente estratégia tucana de dizer que eles são os “pais do Bolsa Família” não funciona. A imagem que o PSDB construiu é a do choque de gestão, do “corte de gastos”. A práxis tucana, salvo exceções louváveis como a do Bolsa Escola, também confirma o discurso. O sucateamento dos CEU´s em São Paulo, a partir da gestão Serra, é um exemplo disso.
Assim, não apenas se associa os direitos sociais ao governo Lula. O povo tem medo de que um eventual governo tucano não continue esses programas. Temor esse justificável.
A propósito: segundo o sociólogo Antônio Carlos Almeida, o Bolsa-Família custa hoje apenas 0,4% do PIB, porém beneficia 30% das famílias brasileiras. Almeida diz que os tucanos devem propor à população a duplicação dos valores do BF. Soará como uma tentaviva de emplacar o chamado “pós-Lula”.