sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Bilderberg


Você gosta de Coca-Cola? Está chocado até hoje com a ocupação do Iraque? Perdeu dinheiro na bolsa de valores? Se a sua resposta é “sim” para pelo menos duas dessas questões, comece a desconfiar: “ELES” podem estar manipulando sua vida. Os supostos manipuladores são pessoas muito ricas e poderosas. Ex-presidentes, por exemplo. Ou dirigentes de empresas multinacionais, banqueiros, megainvestidores e intelectuais.
Esse é o tipo gente que integra o Bilderberg, uma organização que se reúne periodicamente, sempre de portas fechadas. Como não se sabe o que é discutido lá dentro, todo mundo começa a imaginar coisas. Será que “ELES” planejam dominar o mundo? O jornalista espanhol Daniel Estulin, autor de A Verdadeira História do Clube Bilderberg, acredita que sim. O grupo tenta criar uma ordem mundial em que todos, um dia, serão subservientes. É o que eles chamam de Governo do Mundo Único.
Estulin diz ter passado 15 anos investigando. Segundo ele, o principal braço do Bilderberg é o Conselho de Relações Internacionais (Council on Foreign Relations), uma entidade com sede em Nova York. O jornalista acredita que o poder dos 3 mil integrantes dessa organização é extraordinário. Eles influenciariam as decisões tomadas por boa parte dos congressistas americanos. Controlariam a CIA (o serviço de inteligência), o FBI (polícia federal) e o IRS (Departamento do Tesouro). E teriam feito a cabeça de John McCain e Barack Obama, que acabam de se engalfinhar na disputa pela Casa Branca.
O clube Bilderberg nasceu em 1954 com o objetivo de debater assuntos relevantes e de interesse mundial. Seus sócios se reúnem todo ano, passam dias conversando e não contam para ninguém o que foi discutido. O segredo acaba dando margem a especulações do tipo: o grupo seria capaz de provocar uma crise financeira em determinado país, para beneficiar outro; teria o poder de derrubar e eleger governos, para defender este ou aquele interesse; e provocaria uma guerra se isso fosse do interesse de seus integrantes. Na antiga Iugoslávia, líderes sérvios culparam o Bilderberg pelo início do conflito que culminou com a queda de Slobodan Milosevic, em 2000.
A sede do clube fica na Holanda, mas não há funcionários que dêem as caras por lá. Quem liga é atendido por uma secretária eletrônica, que pede para deixar recado. Todo o conteúdo dos encontros é registrado numa ata, mas não há nomes ou assinaturas no documento. Nem página na internet a organização tem, tamanha é sua vontade de ficar longe, mas muito longe mesmo, dos holofotes.
O maior problema do clube Bilderberg é justamente seu hermetismo. Tony Gosling, um jornalista independente que lidera uma campanha contra o grupo a partir de sua casa, em Bristol, na Inglaterra, numa entrevista à rede de notícias BBC, declarou: “Quando tanta gente poderosa se reúne, creio que merecemos uma explicação sobre o que está sendo discutido”. Para outro jornalista, o também britânico Martin Wolf, tudo isso é uma grande bobagem. Ele já participou de algumas reuniões do Bilderberg (jamais na condição de repórter) e garante que não há nada de suspeito nesses encontros.
“A privacidade, mais que o hermetismo, é a chave desses encontros”, diz Wolf. “A idéia de que uma reunião desse tipo não possa acontecer é totalitária.” O ex-chanceler britânico Denis Healey, um dos fundadores do grupo, confirma: “Não há nada de errado com as nossas reuniões. O segredo apenas permite que todos falem honestamente, sem medo das repercussões nos jornais”.
Na lista dos sócios do Bilderberg aparecem os ex-secretários de Estado Henry Kissinger e Colin Powell e o ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld. Hillary Clinton e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair compareceram à reuniãode 2007, na Turquia, pela qual também passaram diretores de empresas como Coca-Cola, Microsoft, Nokia e Siemens.
Vários outros grupos são acusados de manipular o destino da humanidade. Há quem enxergue conspiração até nos bastidores do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Organização Mundial do Comércio (OMC) e das Nações Unidas (ONU).