segunda-feira, 8 de novembro de 2010

E se ninguém morresse?

Viver para sempre não é sonho assim tão distante. Já tem muito cientista ambicionando a imortalidade - e com resultados significativos. Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisas Oncológicas da Espanha injetaram uma enzima em ratos que, ao melhorar a eficácia da divisão celular, aumentou em 50% a expectativa de vida das cobaias.
Outros investigam as células-tronco e têm esperança de que elas ajudarão na renovação eterna das células. Mas, não importa por qual caminho vier, assim que o remédio da imortalidade estiver desenvolvido, ele será privilégio de gente milionária. Já existem remédios que custam R$ 1 milhão ao ano (como o que trata uma síndrome rara, em que o sistema imunológico destrói os glóbulos vermelhos do doente durante a noite), e talvez uma pílula da vida eterna não saísse por menos dinheiro. Ainda assim, uma parte dos 9 milhões de milionários do mundo toparia comprar o medicamento. E, daqui a 20 anos, quando a patente do remédio expirasse, o genérico da pílula da imortalidade ficaria acessível a todos. Isso quer dizer que, em poucas décadas, mais da metade das pessoas que morrem todos os anos de doenças cardíacas ou câncer - males que serão evitados com o remédio da imortalidade - deixariam de bater as botas. São 32 milhões de pessoas ao ano que continuarão vivinhas - e superpovoando o planeta. Com tanta gente, dificilmente escaparíamos do controle de natalidade, da legalização do aborto, da crise ambiental e da escassez de alimentos. Mas nem tudo seria desgraça. Num planeta de imortais, à beira de um colapso ecológico, é possível que as soluções ambientais surgissem mais rapidamente. Afinal, quando a ameaça de destruição deixar de ser um problema só para as gerações futuras, todos vão ter de se mexer. Ninguém vai querer estar vivo quando o mundo acabar, certo?