terça-feira, 8 de março de 2011

Obama Presidente

O candidato negro do Partido Democrata atrai a simpatia de grande parte da população pobre e jovem dos Estados Unidos. Obama tem condições de representar os interesses da maioria explorada de seu país e, como um negro na Casa Branca sua vitória pode trazer mudanças ao jeito de fazer política americano.
Barack Obama venceu fácil Hillary Clinton e se tornou o candidato do Partido Democrata às eleições presidenciais nos Estados Unidos, em novembro de 2008 e, em Janeiro, derrotou John McCain. Jovem, negro, filho de um imigrante, Obama era visto por muita gente como uma alternativa aos políticos tradicionais dos partidos Democrata e Republicano. Inclusive, por militantes dos movimentos sociais, estudantes e sindicalistas. Ele usou suas origens mestiças para aparecer como símbolo de uma "América" nova e diferente. Reivindicou a herança de Martin Luther King e a maioria de seus apoiadores era formada por jovens pobres, descendentes de africanos, latino-americanos e árabes. São setores que acreditam que ele tem uma plataforma progressista, contra a guerra e a favor dos pobres. A mídia no Brasil repetiu esse discurso, dizendo que Obama traria mudanças profundas para a política norte-americana, estava formada a Obamania.

A candidatura de Obama alimentava as esperanças de milhões de americanos de colocar um fim à desastrosa guerra do Iraque e às políticas do governo Bush contra os pobres. Claro que ninguém que é contra o racismo e a opressão poderia ignorar a importância dessas expectativas. 
É muito importante separar o estilo otimista de Obama e suas promessas daquilo que ele realmente cumpriu. Como a disse a escritora e militante afro-americana Angela Davis: "Obama representa mudança, mas realmente não oferece mudança alguma".
Obama se colocou como um candidato pela paz, por exemplo. Foi contra a invasão do Iraque, em 2003. Mas Obama não era contra a guerra porque ela é imperialista, racista e ilegal, como muitos achavam. Mas porque os Estados Unidos estavam perdendo a guerra. Depois de ser eleito ao Senado em 2004 ele apoiou as medidas de Bush para financiamento incondicional da guerra em 2005 e 2006. Votou a favor da manutenção de Condoleeza Rice como Secretária do Estado apesar da evidência clara de que ela mentiu ao Congresso sobre armas de destruição em massa. Sem falar no fato de que ela faz parte do governo imperialista de Bush.
Obama defendeu a "guerra contra terrorismo" e suas políticas em relação à Oriente Médio, Israel, OTAN e Rússia são iguais às de Bush. Na América do Sul Obama apoia abertamente a Colômbia e se mantém distante de Chávez. Não há dúvida de que Obama continua com as políticas imperialistas do governo Bush.
Além disso, Obama segue uma política bem convencional. Grande parte das finanças de sua campanha vieram de grandes empresas e seus assessores são velhos burocratas do Partido Democrata. Por isso, Obama tornou suas propostas mais moderadas durante a campanha. Dificilmente, falou de racismo, cotas e a extrema desigualdade de renda e poder.
Grande parte da população americana pedia saúde e previdência públicas e com atendimento dignos para todos. Obama logo prometeu uma série de políticas voltadas às necessidades dos pobres e recuperação dos serviços públicos. Lançou um plano para saúde pública universal, por exemplo, mas que depende da boa vontade das grandes empresas de saúde para ser implementado. Ao mesmo tempo, ele não toca nos privilégios e poderes das grandes corporações que controlam a economia norte-americana. 
Durante sua campanha, ele falou muito sobre os pobres. Eleito não conseguiu diminuir a desigualdade e o desemprego aumentou. Obama aprendeu, assim como nosso saudoso Lula, que cumprir suas promessas é bem mais caro do que prometer sendo forçado a cortar mais de um trilhão de "bucks" do total de gastos do governo.
Parece que as reais mudanças devem vir no próximo mandato, quem sabe?
PS: O cara ainda faturou um Nobel da Paz.