sexta-feira, 24 de junho de 2011

Hieróglifos, ciclos e 2012


Dentre os manda-chuva da América na época em que Colombo aqui chegou, os Maias tinham o sistema de comunicação mais completo e sofisticado. Os Incas nem sequer possuíam escrita, praticavam um sistema de contagem e memorização chamado quipo. Os Astecas usavam pictogramas baseados numa escrita fonética, já os hieróglifos dos Maias eram de longe os mais complexos. Altamente elaborados, estes hieróglifos deveriam ser feitos com enorme exatidão pois suas formas atribuíam poderes mágicos e eram um modo de compreender o cosmos e a essência dos seres retratados. O mais fascinante é que  eles não possuíam um alfabeto e seus escrivães não faziam registros administrativos ou contáveis, as frases traduzidas se referiam apenas aos assuntos sagrados e dinásticos.

Entre esses registros temos o famoso Códice de Dresden, assim chamado pois foi encontrado na cidade alemã de mesmo nome após ser adquirido pelo diretor da biblioteca local em 1739 e abandonado por muito tempo pois não havia que entendesse aquele "idioma". Nele se encontra a estória de quatro "mundos" anteriores, cada um em seu ciclo destruído por seres responsáveis por edificar e abater reinos por culpa dos "ajustadores"  ou os "donos das cidades que hoje são ruínas", como o códice nomeia, na minha opinião, nossos antepassados. No primeiro ciclo seus habitantes foram consumidos pelo ar, no segundo, foram petrificados logo no primeiro amanhecer. O terceiro foi habitado por aqueles que se revelaram transgressores, e terminou destruído por um dilúvio devastador. O quarto, povoado pelos Maias, foi destruído pelo fogo espanhol dando início ao quinto ciclo (o nosso) que um dia também será findado. Essas são umas das poucas informações que temos sobre as previsões maias graças ao bispo católico Diego de Landa que nos fez o favor de queimar, em 1531, a maior parte dos manuscritos daquele povo.

Bom, deu pra se ligar que todos os "mundos" (sociedades) foram destruídos por um dos elementos fundamentais, suponho que o elemento* responsável pela próxima destruição seja o éter, ou espírito, ou fé. Não seria novidade já que a razão para os maiores conflitos atuais seja a religião, ou o que eles tentavam dizer é que o fim desse elemento resultaria no comprimento da profecia de Chilam Balam para o final deste grande ciclo, a vinda de um rei dos céus que daria o início de uma nova era, notou alguma semelhança?

"Quando Jesus voltar, porventura acharás fé na Terra?"

É aí que está a maior confusão, não há relação entre o fim do calendário de conta longa (2012) e o fim do nosso mundo, que, segundo Chilam Balam, só sobreviveriam os que voltassem a viver no calendário circular ao invés do linear e deixassem de lado o materialismo. Vale lembrar que os outros calendários maias (Haab e Tzolk'In) se findam e recomeçam normalmente, logo, não haveria nada de especial no fim do de longa contagem. 

Mas o que aconteceria no fim do quinto ciclo? Pessoas facilmente associam o fim de calendário de conta longa, ao fim de nosso ciclo e a um raro fenômeno astronômico que consiste no alinhamento da Terra com o Sol e o centro da Via Lactea, mas isso nó veremos no próximo post.